Super Brasil |
Será?
Sim... a língua é a mesma, mas os regionalismos falados não... e os sotaques, então?
Dizem os estudiosos, incluindo minha professora de Linguística na faculdade, Vera Lúcia Grando (diga-se de passagem, excelente professora) que o português falado no Maranhão é o melhor, gramaticalmente, e que lá se usa melhor as regências e concordâncias (verbais e nominais) que todos nós praticamente esquecemos assim que saímos da escola, a não ser que a pessoa vá fazer uma faculdade de Letras e se torne professor de português como eu! Assim mesmo não consigo usar tudo o que aprendi na linguagem falada do dia a dia.
Pelas diversas coisas que fiz nestes 52 anos, atuando como jornalista, como torcedora, como responsável pelo Brasil num movimento de jovens de âmbito internacional e, agora, lecionando ou me mantendo em redes sociais, tive a oportunidade de conhecer e conviver com gente deste Super Brasil, país continente, e constatar regionalismos fantásticos com sotaques maravilhosos dos quais vou falar um pouco agora ... preparem-se... este texto deve ser o meu maior neste blog.
Começando com alguns lugares que conheci ou tive oportunidade de conversar com pessoas de lá: Pará e Maranhão. Percebi que usá-se o Tu, no lugar de você e que as concordâncias são perfeitas até no linguajar das pessoas mais simples que conheci. Fala-se cantado, mas não tanto quanto no nordeste, e de uma forma bonita e lenta, sem comer letras... o sotaque do Pará e Maranhão é como se fosse um sotaque intermediário entre o sotaque do nordeste e o de Minas, Espírito Santo e Goiás.
Conheci e convivo com muita gente de alguns estados do Nordeste (Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Pernambuco e Bahia). O Regionalismo é "Arretado" e muitas vezes, dependendo de com quem se conversa eu preciso estar atenta, senão não entendo o que me foi falado. Muitos usam o Tu e muitos usam o Você... sem nenhuma concordância. É bem cantado e as pessoas falam rápido (menos os Baianos que falam mais devagar) e muito bonito e gostoso de se escutar. Não é de se espantar termos tão bons cantores desta região.
Com as redes sociais comecei a ter contatos maiores com pessoas de Goiás e do Espírito Santo e já os mantinha com muitos de Minas Gerais. Os três sotaques são parecidos (especialmente o sotaque capixaba com o de Juiz de Fora), mas o mineiro come bem as letras (junto com o queijo) e as palavras ficam enormes... NOSSINHORAPARECIDA!... Mas acho lindo, Uai! Ontem mesmo entrei em contato com a Ana Curty, que mora em Vitória (e faz artesanatos lindos) e comentei com ela o quanto estava gostando de ouvi-la. Nestes três estados usa-se o Você e as concordâncias e regências são esquecidas mas o linguajar é lento cantado e de muito fácil compreensão (exceto no caso dos mineiros que comem letras).
Do Rio de Janeiro nem preciso falar... tá nas novelas da globo! Você é usado e Tu também.... sem nenhuma concordância e os errrrrrrrrres são guturais, vindo do fundo da garrrrganta! Oposto dos erres caipiras do interior de São Paulo, que vem do alto do palato e que necessita demais da língua para ser pronunciado, quase que parecido com o R da língua inglesa. Esses dois Erres ainda diferem do erre do Paulistano (aquele que nasce em São Paulo) que usa um R só, mesmo quando são dois, ou quando está no começo da palavra. Ôrra meu! (exato... como o Faustão fala)
Não se fala cantado nem no Rio nem em São Paulo - capital ou interior. Eu, particularmente não gosto de nenhum destes três sotaques.
Já no sul o sotaque é cantado também.... e sem concordâncias ou regências, só prá variar (olha eu usando prá...kkk!) No Paraná usa-se o Você e o cantado é suave e de fácil entendimento. Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul usa-se o Tu e o cantado é agressivo, mas lindo... mas cuidado... Algumas pessoas da Ilha de Florianópolis são difíceis de se entender... especialmente os argentinos que se mudaram prá lá!
Enfim... não conheço ou convivo com pessoas deste super Brasil inteiro, mas amo ouvir as pessoas com quem convivo e vou terminar este texto com um exemplo de uma cena vivida nos meus tempos de movimento de Jovens. Tentem ler pensando nos sotaques, pois vou colocar com erros de ortografia e gramática, ok?
Cássia, de Pernambuco, pedindo água para a Ana Cristina de Tramandaí (RS):
- Excuta, Ana. Tu poderia me dar um bucadinho d'água?
- Mas Bah que não te dou Tchê... fique a vontade!
Ah Xé! Melhor parar por que senão vou ficar uns par de hora presa aqui neste texto (regionalismo itapetiningano)
Beijos
PS: meu agradecimento vai prá Ana Curty, que, sem saber, me sugeriu este texto!
Esse texto me fez lembrar dos meus alunos que estavam fazendo um trabalho sobre os sotaques brasileiros e eles me escolheram como o melhor sotaque de São Paulo (detalhe: não sou paulistana), hahahahahaaaa
ResponderExcluirMasss bah guria...esse texto ta tri bom...onde foi que tú conheceu essa gente toda...Baita círculo de amizades tchê. Tenho uma super amiga gaúcha e Passei uns dias no Rio Grande do Sul...Porto Alegre e Mostardas. Tardes tranquilas de bom chimarrão..Bom demais Tchê!!! Lá pão caseiro é chamado de pão de casa, carne moída é chamada de guizado, banzo é uma expressão como...louco, variado ou confuso...kkk mta coisa legal. Adorei o post
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